O primeiro-ministro de Israel, Biniyamin Netanyahu, afirmou neste domingo que o Exército israelense está pronto para "expandir significativamente" suas operações em Gaza, elevando os rumores sobre uma possível invasão terrestre iminente do território palestino.
"Os soldados estão prontos para qualquer atividade que possa ocorrer", afirmou Netanyahu após uma reunião do gabinete israelense, sem dar detalhes dos planos militares.
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As declarações foram feitas durante o quinto dia consecutivo de bombardeios israelenses à Faixa de Gaza. Dois prédios ocupados por grupos de mídia no centro da Cidade de Gaza foram atingidos, deixando vários jornalistas palestinos feridos.
Nas primeiras horas deste domingo, o Exército israelense afirmou que dois foguetes disparados de Gaza atingiram o território de Israel, após um hiato de várias horas sem disparos.
Segundo o Exército israelense, oito foguetes foram disparados de Gaza contra Israel desde a meia-noite, três dos quais atingiram o território israelense.
Dois mísseis dirigidos a Tel Aviv, a cidade mais populosa do país, foram interceptados pelo sistema israelense de defesa antimísseis na manhã deste domingo.
As autoridades de Israel dizem ter como objetivo destruir centenas de alvos em Gaza para interromper os disparos de foguetes contra seu território.
"Inteligência precisa"
Segundo o Exército israelense, os locais alvejados em Gaza durante a madrugada "foram todos identificados positivamente por inteligência precisa ao longo de vários meses".
Autoridades médicas palestinas afirmaram que uma das explosões provocou a morte de duas crianças da mesma família.
A Organização Mundial da Saúde diz que os hospitais em Gaza estão sobrecarregados com feridos e sofrem com falta de suprimentos.
Ao menos 48 palestinos e 3 israelenses já foram mortos desde o início da nova onda de violência na região.
Os confrontos entre Israel e palestinos em Gaza se intensificaram após a morte de Ahmed Jabari, comandante militar do Hamas, o grupo que administra o território, em um ataque aéreo israelense na quarta-feira.
Navios de guerra
Por volta das 2h deste domingo (22h de sábado em Brasília), o correspondente da BBC em Gaza Jon Donnison relatou ter ouvido mais de uma dezena de mísseis, aparentemente disparados a partir de navios de guerra israelenses, usados pela primeira vez desde o início dos bombardeios.
Os tiros de artilharia são geralmente menos precisos que os disparos aéreos, que também foram usados contra a Cidade de Gaza durante a noite.
Um dos prédios atingidos nos ataques abriga a estação de TV do Hamas, Al-Quds TV. O mesmo prédio também abriga outros meios internacionais, como as britânicas Sky News e ITN, e abrigava até o ano passado o escritório da BBC em Gaza.
A Associação de Correspondentes Estrangeiros do Oriente Médio pediu esclarecimentos ao Exército de Israel e questionou a razão de um prédio com jornalistas ter sido atacado.
Israel afirmou ter alvejado uma "antena de comunicação" no norte de Gaza, além de uma base de treinamento do Hamas, túneis usados para o contrabando de bens e armas para o território e locais de lançamento de foguetes.
Um porta-voz do governo israelense disse à BBC no sábado que a operação "só terminará quando cidadãos israelenses estiverem seguros" e afirmou que todas as opções - incluindo uma incursão terrestre em Gaza - estão sendo consideradas.
Israel deixou na sexta-feira 75 mil reservistas em alerta e iniciou a incorporação de outros 16 mil ao contingente do Exército, reforçando os temores de que uma ofensiva terrestre seja iminente.
Trégua
O presidente do Egito, Mohammed Mursi, afirmou que há "indicações" de que uma trégua pode ser alcançada, mas disse que não há "garantias".
Mursi fez a afirmação após se encontrar no Cairo com o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan e com o líder político do Hamas, Khaled Meshaal.
O presidente egípcio advertiu ainda Israel contra o lançamento de uma ofensiva terrestre a Gaza.
"Se uma invasão terrestre ocorrer... isso terá repercussões sérias para a região. Nunca aceitaremos isso, nem o mundo livre aceitará", disse.
O Egito é um dos poucos países árabes a manter laços diplomáticos com Israel e tradicionalmente atua como moderador nas disputas entre Israel e palestinos.
Mas os laços entre o Hamas e o Egito se fortaleceram desde que Mursi chegou ao poder, no início do ano. Mursi é integrante da Irmandade Muçulmana, grupo a partir do qual o Hamas se originou.
A Liga Árabe também realiza neste domingo no Cairo uma reunião de emergência, e anunciou o envio de uma delegação a Gaza nos próximos dias.
Alarmes antiaéreos
O Exército de Israel afirmou que já alvejou mais de 900 locais desde o início dos ataques aéreos, na quarta-feira, e que o território israelense foi atingido por cerca de 500 foguetes disparados a partir de Gaza.
Outros 257 mísseis palestinos teriam sido interceptados pelo sistema israelense de defesa antimísseis.
Os alarmes antiaéreos voltaram a soar na manhã de deste domingo em Tel Aviv, pelo quarto dia consecutivo.
Esta é a primeira vez que mísseis disparados de Gaza atingem a cidade, centro financeiro do país. Também foi a primeira vez que a cidade é alvo de mísseis desde a Guerra do Golfo, em 1991.
Na sexta-feira, um míssil também atingiu um local desabitado de Jerusalém, no primeiro ataque à cidade desde 1970.
"Idade Média"
Em declarações publicadas pelo jornal israelense Haaretz, o ministro do Interior de Israel, Eli Yishai, afirmou que o objetivo da operação militar é "devolver Gaza à Idade Média". "Só assim Israel terá calma pelos próximos 40 anos", disse ele, segundo o jornal.
Autoridades militares israelenses afirmam que o bombardeio de Gaza enfraqueceu o Hamas, mas sugeriram que uma invasão terrestre pode ser necessária para neutralizar o poderio militar do grupo.
"A maioria de suas armas estão estocadas em casas de civis. Eles lançam foguetes a partir de áreas residenciais", afirmou o general Tal Russo, comandante militar do sul de Israel.
"Não queremos atingir civis em Gaza, mas queremos atingir os ninhos das vespas do terror em Gaza", disse.
Antes do arrefecimento da onda de violência, Israel já vinha realizando ataques aéreos esporádicos a Gaza, em resposta a disparos de foguetes palestinos contra o sul do país.
Mas os bombardeios aéreos e navais dos últimos dias são a mais intensa ofensiva contra Gaza desde a invasão por terra realizada há quatro anos.
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Fonte:
Brasil
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