Dívida admitida é de só R$ 230 milhões; são 1 milhão de sócios
VINÍCIUS VALFRÉ | vpereira@redegazeta.com.br
A Ympactus Comercial, razão social da Telexfree, diz que deve apenas R$ 230,1 milhões aos seus divulgadores – como são chamadas as mais de 1 milhão de pessoas que se associaram à empresa. Numa matemática simples, o valor repartido corresponderia a menos de R$ 230 para cada associado.
Foto: EVELSON DE FREITAS/ESTADÃO CONTEÚDO
Divulgadores da Telexfree foram às ruas protestar contra bloqueio de dinheiro
Os números foram citados pelo sócio da empresa, Carlos Roberto Costa, em novo vídeo divulgado pela empresa. Ele mostra a relação de credores da Telexfree apresentada à Justiça no processo em que pedia a recuperação judicial. O documento diz que a dívida total seria de R$ 291,5 milhões.
“Lógico, graças a Deus, quem tem mais a receber aqui, o principal, são os nossos divulgadores, como eu sempre falei”, afirma o empresário no vídeo. Apenas na adesão ao negócio, os investidores precisavam pagar US$ 600 ou R$ 1.375.
Os débitos mais expressivos são para dois advogados que defendem a empresa nos processos. A lista aponta que Danny Cabral Gomes e Wilson Furtado Roberto teriam de receber, cada um, R$ 7,5 milhões. E mais três escritórios de advocacia na relação receberiam R$ 20 mil, R$ 50 mil e R$ 50 mil.
Colegas
Outro credor da Ympactus é a Telexfree Inc, registrada em Massachussets. A dívida, referentes às comissões de 2012 e 2013, ultrapassa os R$ 29 milhões. O detalhe é que a empresa dos EUA está registrada em nome do norte-americano James Merril e do capixaba Carlos Wanzeler. Os dois são sócio de Carlos Costa na Ympactus Comercial.
James e Wanzeler são sócios de Carlos Costa em uma outra empresa , a Telexfree LLC, registrada no Estado de Nevada. A dívida com os sócios nos Estados Unidos é vista com ressalvas até porque a atuação da empresa naquele país não é clara. Como A GAZETA e a Rádio CBN Vitória mostraram, o prédio apresentado como sede em Massachussets é, na verdade, escritório virtual.
Devolução vai priorizar ações coletivas
Por todo o país, pipocam ações de divulgadores da Telexfree tentando recuperar o dinheiro que colocaram no negócio acusado de ser uma pirâmide financeira. No entanto, as ações individuais poderão fazer com que seus autores sejam ressarcidos por último, após a devolução pedida pelo Ministério Público acreano em uma ação coletiva.
Ao determinarem a devolução de dinheiro a divulgadores, magistrados país afora precisaram notificar a Justiça do Acre pedindo para que as quantias fossem enviadas para uma conta judicial. A juíza Thaís Khallil, da 2ª Vara Cível de Rio Branco, responsável pelo caso, decidiu recentemente sobre os pedidos. Entendeu que os valores só serão liberados após eventual julgamento da ação principal.
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A juíza explica que a lei permite que as ações individuais sejam suspensas. Se o divulgador não fizer isso, destaca, não pode ser beneficiado com a ação coletiva. “Se ele suspender a dele e coletiva for favorável, ele aproveita. Se for prejudicial, continua com a dele. Mas se ele não fizer a opção de suspensão, não fica incluído na tutela da ação coletiva”.
BBom: MPF desmente liberação
O presidente da BBom, empresa acusada de ser pirâmide financeira disfarçada, João Francisco de Paulo, aparece em vídeo dizendo que “as férias acabaram” e que “nosso corpo jurídico é um time de vencedores”. O vídeo está sendo compartilhado como se fosse o anúncio da derrubada da decisão judicial que bloqueou a empresa desde julho.
No entanto, não há nenhuma liberação da BBom. O Ministério Público Federal de Goiás (MPF/GO), que pediu a suspensão da empresa, vai apresentar o vídeo à Justiça pedindo “penalidade pela propaganda enganosa”.
O MPF/GO avaliou as informações da empresa como inverídicas. O órgão disse que a BBom apresentou uma sugestão de mudança no negócio para a empresa voltar a funcionar. No entanto, preliminarmente, o MPF descartou a possibilidade porque faltaram informações solicitadas.
O presidente João Francisco e o diretor, Ednaldo Bispo, não atenderam às ligações para comentar o assunto. A BBom diz vender rastreadores veiculares, mas é acusada de usar o negócio para mascarar uma pirâmide financeira.
O outro lado
Empresa só fala em juízo
A reportagem procurou representantes da Telexfree para que se manifestassem sobre os critérios considerados na elaboração da lista de credores e da definição dos valores a serem pagos. Os telefonemas feitos a Carlos Costa não foram atendidos. Danny Cabral Gomes, um dos advogados, disse somente que “os esclarecimentos são feitos em juízo”.
Fonte: A Gazeta
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